quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Mercearia Liberdade






“Foi uma prenda que nos caiu no colo!”, afirma Luís Catalão, ao referir-se à Mercearia Liberdade. Obra do acaso, a mercearia doada, e todo o seu recheio, trouxeram ao museu uma mais-valia que importa salientar. Ter a possibilidade de ver exactamente como funcionava uma antiga mercearia, poder ver os pesos, as medidas, a forma como se cortava os produtos, as antigas embalagens, a forma como se dispunham nas prateleiras e montras, os documentos de contabilização dos gastos, transforma o museu num espaço de aprendizagem por excelência, permitindo uma vivência mais directa com um trabalho de um passado ainda recente. Sempre que há a possibilidade de criar toda uma realidade num museu, isso traz-lhe motivos de interesse que fazem a diferença e devem ser impulsionados e transformar-se em chamariz para o mais que o museu oferece.
Não servindo particularmente como exemplo, porque obviamente não estou ao corrente de tudo o que acontece e aparece de novo nos museus por todo o país, antes desta visita desconhecia por completo a existência de um espólio como este, transplantado na totalidade para o espaço museológico. Deveria ser utilizado como exemplo do que pode ser feito nos museus que tratam dos assuntos mais diversos, apreciado e divulgado pelas características únicas que apresenta. Além do grau de interesse para qualquer pessoa que se dirija ao museu, este é um espaço de aprendizagem que funciona na perfeição para crianças e adolescentes que não tiveram já a oportunidade de ver uma mercearia como esta funcionar na realidade. No caso da mercearia do Museu do Trabalho, o pormenor vai até às ratoeiras no armazém ou ao chupas da montra comprados pela vereadora da cultura, no interesse de fazerem os possíveis para que o local ficasse o mais próximo da realidade que fosse possível. Este é um aspecto a ter em conta na elaboração, organização e promoção de um museu, que pretende exemplificar os assuntos que trata da melhor forma exequível.

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