quarta-feira, 21 de maio de 2008

Trabalho facilitado


Estas características transformam este museu num espaço único, percebendo-se que os fundos fornecidos para orientar a disposição e divulgação do espaço extravasam em muito os que muitos outros museus têm ao seu dispor. O trabalho dos colaboradores torna-se assim mais facilitado, já que, com a possibilidade de pôr em prática as ideias, basta tê-las.
Entre as salas que não vimos, situa-se um espaço para actividades pedagógicas, outro para formação dos colaboradores, espaço de Internet e arquivo digital, que podem ser consultados se requeridos com antecedência, embora não estejam ao alcance de todos os visitantes.
Com uma pessoa responsável pela divulgação do museu e cinco direccionadas para o Serviço de Educação e Animação Cultural, todas com formação na área da museologia e educação em museus quer académica quer através de formações, Helena Miranda defende que a principais formações necessárias para trabalhar nesta área são três: conhecimentos de museologia, saber aprofundado sobre os conteúdos de que se vai falar e instrução ao nível da pedagogia. A técnica considera que há muita oferta no que toca a museus e que cada um deve aprender com os outros e procurar não perder a sua identidade, salientando-a.
Nesta visita tivemos a possibilidade de conhecer todo um processo de como se deve pensar e organizar visitas tendo em conta os diferentes públicos, diferenciando o que é assimilado e transmitido. Pela sua característica distinta, considero que esta acabou por produzir uma grande aprendizagem a este nível, porque orientou os alunos na importância de estarmos alertas e conscientes, nunca descurando uma informação e aprendizagem constante. Tão importante como aquilo que se diz, é a forma como se diz, o que poderá fazer toda a diferença.

Quebra-Cabeças?

Envolver os mais novos


Em toda a exposição se denota a preocupação em envolver os visitantes, não apenas fornecendo dados informativos, mas também com o intuito de que se transformem em participantes directos naquilo que vai sendo explicado. As visitas vão dando elas próprias informação que acrescenta e diversifica a visita, criando a interacção desejada.
Para os mais novos, esta preocupação também não foi descurada. Utilizando as mesmas tecnologias, as crianças são postas à prova através de jogos interactivos que podem experimentar numa das paredes do espaço expositivo, aprofundando conceitos que têm que ver com a temática do palácio de São Bento enquanto o interesse pelos entretenimentos multimédia, que envolvem ecrãs e computadores, são explorados para que também estas idades “cheguem ao conhecimento”.
A visita finaliza com uma visita virtual ao Palácio de São Bento, a “cereja no topo do bolo”, com direito a óculos para ver a três dimensões. Mais uma vez, as tecnologias são colocadas ao dispor do museu para atingir os propósitos de fazer compreender todos os conceitos que envolvem a temática da Presidência da República.

Acessibilidades




Também com a intenção de envolver o maior número possível de pessoas, e com o cuidado de chegar aos visitantes de características muito distintas, estão expostas no museu algumas esculturas dos presidentes. Com a possibilidade de tocar nas peças e estudar as suas características, este é um espaço claramente pensado para pessoas invisuais, acrescentando um elemento congregador em relação a um tema que pode ser de alguma forma difícil de tratar.
Também para envolver pessoas com dificuldades de audição, para além de serem utilizados por todos os outros visitantes, os grandes livros tácteis da empresa Ydreams, estritamente portuguesa e pioneira neste tipo de produtos, dão um toque de magia e permitem um envolvimento de pessoas com diferentes características e idades.

A tecnologia aliada à arte





Em todo o Museu da Presidência denota-se a importância da tecnologia e da utilização dos melhores materiais e equipamentos para a apresentação dos assuntos retratados. Tratando-se de um tema com a importância que este tem, que se referem à identidade de um país e à figura central que é um Presidente da República, percebe-se que não se olha a meios para que todos os aspectos sejam salientados e demonstrados da melhor forma possível, acrescentando a este o facto de serem muitas vezes utilizadas tecnologias portuguesas, chamando a atenção para o que de melhor tem o país.

É o caso dos vidros que tapam os quadros que retratam os diferentes presidentes ao longo dos tempos. Primeiramente vistos como uma barreira para criar algum afastamento de segurança em relação aos retratos, percebe-se também que vão escurecendo e passam a funcionar como ecrãs que contextualizam as histórias dos presidentes. Além disso, refere-se também os nomes dos artistas, pintores dos retratos, sendo possível passar também por questões estilísticas, culturais, até mesmo de História de Arte e da importância de um retrato.

Aspectos como as cores utilizadas, os retratos psicológicos, os estilos próprios dos artistas, a forma como as diferentes figuras políticas querem ficar reconhecidas para a posteridade, tudo pode ser esmiuçado e esclarecido, tendo particular atenção para o facto de ser necessário que todas as expressões utilizadas sejam do entendimento comum de todos os visitantes que acompanham o grupo.

Simbologia e Identidade




Carregado de símbolos, o museu começa com um relógio que marca as duas horas da tarde, a hora da revolução republicana, apresentando logo de seguida aqueles que consideramos os mais representativos símbolos nacionais, a bandeira e o hino portugueses.

Conscientes do carácter educativo do espaço, característica abrangente de todos os museus, mas que, neste caso, implica uma identidade nacional com que os portugueses se identificam, o Museu da Presidência organiza toda a visita mediante o público que se apresenta na frente dos técnicos. Mais do que em qualquer outro dos espaços que visitámos, esta consideração é notória e apresenta condicionantes muito interessantes, que foram por diversas vezes salientadas pela orientadora da nossa visita, que afirmou: “O museu pode ser explorado de muitas maneiras, pode-se abordar de diferentes formas, na história, na identidade, etc.”. Helena Miranda fez questão de nos ir explicando, durante toda a visita, como esta poderia ser organizada caso o grupo visitante fosse constituído por crianças, por adultos mais idosos, por desconhecedores de toda a história portuguesa, etc., o que nos possibilitou um entendimento mais profundo sobre a própria forma de constituirmos um processo semelhante, como promotores de um espaço similar. “Pode-se ensinar tudo a todos desde que se saiba decompor os conteúdos”, assegura.

Tomemos como exemplo as balas que aparecem numa das primeiras vitrinas do museu. Em frente a elas, pode-se explorar o seu valor monetário, o simbolismo do que representam, a razão de terem sido seleccionadas para iniciar uma exposição com estas características. Não sobrecarregar os grupos de informação mas também não ficar pelo que já é conhecido antes de entrar no espaço do museu, é um equilíbrio necessário a quem orienta e planeia este tipo de visitas.

Além da identidade com os objectos portugueses, é também possível estabelecer contactos com as pessoas de outras nacionalidades e comunidades, através das ofertas de outros países, peças trazidas das ex-colónias portuguesas, imagens de acontecimentos históricos recentes, que muitos dos visitantes chegaram a vivenciar.

Helena Mendonça chama a atenção para o facto dos acompanhantes das visitas terem a obrigatoriedade de estar atentos ao seu público, para além de um conhecimento exemplar sobre os conteúdos que apresentam.

Contexto



Aberto a 5 de Outubro de 2004, o Museu da Presidência existe para dar aos cidadãos um conhecimento mais próximo do que é a Presidência da República. Dá também a conhecer o património do palácio de Belém, através da mostra de peças oferecidas aos presidentes, objectos pessoais e outros objectos relacionados com a figura do Presidente da República. A acompanhar-nos tivemos Helena Miranda, uma das responsáveis do Serviço de Educação e Animação Cultural do museu.
“É um projecto muito recente e existe para quê? Para incentivar os cidadãos e os jovens, em particular a um conhecimento mais próximo do que é a presidência da república através da vida, da actividade, da obra dos diferentes Chefes de Estado que tivemos desde 1910 até ao presente. O museu também contribui para a pedagogia cívica e para dar a conhecer, partilhar, valorizar o património associado ao Palácio de Belém e, esse património é muito vasto, estamos a falar de um espaço que existe desde meados do século XVI e que regista na sua fisionomia e no seu acervo o contributo das várias gerações, dos vários períodos pelos quais foi passando.”
Helena Miranda

O Museu foi notícia!

"O Museu da Presidência da República foi distinguido com o Prémio do Património Cultural da União Europeia/Europa Nostra 2008, pelo trabalho de investigação sobre o património material e imaterial do Palácio de Belém, que permitiu a concepção e produção da exposição e do catálogo “Do Palácio de Belém”.
A cerimónia de atribuição do galardão vai ter lugar no próximo dia 12 de Junho na Catedral de Durham, no Reino Unido, e será presidida pela Infanta D. Pilar de Borbón, Presidente da “Europa Nostra” e pela Directora-Geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia, Odile Quintin. O prémio será recebido pelo Dr. Diogo Gaspar, director do Museu da Presidência da República.
O Prémio Europa Nostra (segundo os organizadores) foi atribuído ao Museu pela “qualidade excepcional do projecto de investigação, e pela sua contribuição inestimável para a salvaguarda do património cultural na Europa”.
Trata-se do segundo prémio (depois do Prémio José de Figueiredo 2006, da Academia Nacional de Belas-Artes) concedido ao projecto de investigação desenvolvido entre 2003 e 2005, que se concretizou com produção da exposição “Do Palácio de Belém” (patente ao público entre Outubro de 2005 e Fevereiro de 2006) e com um conjunto de sete separatas e um catálogo. Estas obras tiveram como propósito contribuir para o estudo da actual residência oficial do Presidente da República, disponibilizando informação sobre o seu património móvel, imóvel e imaterial, que se manteve desconhecido durante muitos anos.
Neste trabalho, coordenado pelo Director do Museu da Presidência da República, Dr. Diogo Gaspar, colaboraram reputados especialistas em diversas áreas da História de Arte: estuques; iconografia; pintura; escultura; porcelana; ourivesaria; mobiliário. Foi traçada a evolução desde o papel de quinta de veraneio desempenhado durante a monarquia, até à actualidade, quando o Palácio de Belém passou a adquirir um importante protagonismo político depois de se tornar residência oficial do Chefe de Estado.
As sete separatas, complementares ao catálogo, permitem leituras segmentadas sobre as colecções do Palácio de Belém, que surgem agrupadas da seguinte forma: “Ourivesaria e porcelana”; “Azulejaria, tectos e estuques”; “Arquitectura”; “Jardins e escultura”; “Vivências, sítio e iconografia de Belém”; “Pintura e mobiliário”; “Picadeiro de Belém”.

(Fonte: Serviço de Comunicação do Museu da Presidência da República)"

O que já sabíamos

Links:

Museu da Presidência

Mundicenter

Localização - Lisboa

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma arquitectura diferente...

Comunicação




No que diz respeito à divulgação / promoção, Rui Pires é a pessoa certa para nos informar sobre o assunto, já que é a área a que se dedica particularmente. As acções restringem-se principalmente às visitas ao teatro para escolas e outras instituições, pequenas campanhas que passam por uma lista de emails, envio de cartas informativas a juntas de freguesia, câmaras municipais, escolas, etc. Rui Pires faz questão de salientar que a divulgação “não tem uma tónica comercial. Não temos a veleidade de gastar muito dinheiro em anúncios”. Com a sala quase sempre cheia, muitas vezes esgotada, um sistema de clube de amigos (por 35 euros por ano podem ver as peças da companhia gratuitamente e têm descontos nas outras) e “muito contacto directo”, Rui Pires considera que não é necessário fazer muito mais acerca deste aspecto específico.
“A companhia tem trinta anos, é talvez a mais equilibrada, tem liberdade de escolha. Apesar de ter ajudas, é independente para escolher e dizer o que quiser”. Em relação a este assunto, denota-se que, a haver satisfação com o que já se obteve, não se considera necessário proceder a outras técnicas de promoção. Com um orçamento bem contabilizado, não se encara este aspecto como prioritário, considerando que as peças e as actividades programadas falam por si.

Programação


Ao nível da programação, a companhia aposta já há 25 anos na organização do Festival de Teatro de Almada, recebendo muitas ofertas de todo o mundo. O próprio director selecciona pessoalmente o programa, recebendo também a ajuda de um consultor de música que aconselha espectáculos e faz os contactos.
Para toda a programação, incluindo a manutenção do edifício em todos os aspectos, a Companhia de Teatro de Almada orienta um orçamento que, em grande parte, é financiado pela autarquia e pelo Ministério da Cultura, recebendo pontualmente apoios para eventos específicos, como é o caso do Festival de Teatro. Tal como a programação, as opções financeiras estão maioritariamente direccionadas para uma só pessoa, o director da companhia. Neste caso, pelo que entendemos da conversa com Rui Pires, a pessoa do director está vocacionada para orientar todos os aspectos, funcionando muito à base de entendimentos informais com os outros colaboradores da companhia. Por se tratar de uma equipa de alguma forma pequena (no total são 27 trabalhadores), este funcionamento será permitido. Denota-se que está bem “oleado”, que funciona, que há um conhecimento de muitos anos que admite que assim seja. No entanto, este formato traz sempre algum risco, por estar direccionado para uma pessoa apenas e os seus conhecimentos.

Outros Serviços



Para além da programação de espectáculos propriamente dita, a Companhia de Teatro de Almada preocupa-se em fornecer aos diferentes públicos outras actividades e serviços que complementam as próprias apresentações. É o caso da livraria que está prestes a nascer, que será autónoma, e onde o objectivo é que seja de âmbito geral mas também de alguma forma direccionada para publicações de teatro. Além disso, apresentam exposições, muitas vezes intimamente ligadas com as peças que estão a ser apresentadas, sobre o mesmo tema ou autor. Acaba por ser um prolongamento da própria encenação, dando um pouco mais de informação para quem apenas ía para ver uma peça de teatro.
Um ATL para crianças foi também pensado com o objectivo de chamar mais famílias ao espaço do teatro, quer descansando os pais que deixam os filhos num espaço onde estão confortáveis e podem ver a sua peça sem problemas, quer para as crianças que acabam por ter uma primeira aproximação ao teatro, já que o próprio local está ligado às artes cénicas, com alguns pequenos ateliers e materiais para que os mais novos possam brincar aos actores.
As salas podem ser também emprestadas a outras companhias ou actividades exteriores à Companhia de Teatro de Almada sem que este deixe de realizar as suas próprias actividades. O espaço assim o permite.
Todas estas mais-valias transformam o espaço da Companhia de Teatro de Almada num núcleo de cultura que pretende extrapolar a própria ideia de teatro funcionando apenas como paredes que recebem apresentações. Na divulgação e oportunidade de fazer outras actividades, ganha-se novos públicos, estabelece-se novos interesses, desperta-se atenções para novas visitas, cria-se oportunidades para novos projectos, como que de um ciclo se tratasse. Este aspecto é de realçar, na medida em que passará muito pelo trabalho de um promotor a criatividade e imaginação para que estas novidades e acções continuem a surgir, numa tentativa de trazer mais pessoas para a cultura.

Lettering e design






Também ficou a cargo dos arquitectos, o próprio design gráfico do edifício, lettering e placas informativas. Acabou por ser criado um conceito que funciona como um todo, em harmonia entre quem produz e quem orienta e pensa as ideias. Considerado como um caso de sucesso, é importante salientar que aqui poderá estar uma aprendizagem interessante de relembrar: a criação deve ir ao encontro das orientações, e o processo sai mais facilitado quando há um consenso entre produtores e criadores propriamente ditos.
Não importa, portanto, promover algo de uma forma que não vá ao encontro de quem está dentro dos assuntos, de quem tem já uma ideia muito específica daquilo que pretende. No encontrar desse ponto de equilíbrio poderá estar a diferença. Por outro lado, compreender que na própria produção está um factor criativo que deve ser respeitado, implica melhores resultados, como se pode constatar neste caso.

Orçamentos e prazos cumpridos





Programado para apresentações, o edifício funciona quer para peças de teatro como para concertos musicais, devido à óptima acústica das salas. Este é claramente o bom resultado de todo um processo delineado eficazmente entre o arquitecto Graça Dias e a direcção artística da companhia de teatro que, em conjunto, conseguiram encontrar soluções que satisfizessem ambos os aspectos.
Com todos os processos informatizados, desde as luzes às máquinas necessárias para a encenação dos espectáculos, é possível perceber a diferença do edifício, onde não se terá olhado a gastos para que tudo fosse de tecnologia de ponta, mas onde, faz questão de salientar Rui Pires, “não se gastou nem mais um cêntimo do orçamentado – 12 milhões e meio de euros - nem se ultrapassou o prazo estipulado – três anos”.
Sendo num número elevado em relação às casas de espectáculo habituais, é possível também utilizar as salas para a experimentação, com peças alternativas, dispondo todo o material cénico da forma que o encenador idealizar.

O edifício - criado para o espectáculo





Inaugurado em 2005, o edifício onde se encontra a Companhia de Teatro de Almada, com contrato para 20 anos, é único no país, pelas particularidades de construção específicas para as utilizações da companhia de teatro. “É o melhor teatro português e um dos melhores da Europa”, referiu, orgulhoso, o orientador da nossa visita, Rui Pires. Muito funcional, o espaço foi pensado para deixar entrar a luz necessária para ensaios (têm cinco salas de espectáculo, que podem ser utilizadas para apresentações ou ensaios) e trabalho de escritórios, embora de uma forma discreta, resguardando o interior para a curiosidade de quem passa no exterior, para além da amplitude das salas enormes, onde o trabalho dos artistas e colaboradores é muito facilitado.
Um aspecto muito importante tem a ver com o facto de toda a parte de concepção artística estar adaptada à arte cénica, que é a funcionalidade pretendida, o que torna este edifício muito produtivo. Todos os elementos estão pensados para que não exijam esforço a quem se desloca, entra, transporta material, etc., dando-lhe, assim, principalmente, um aspecto muito funcional. Como exemplo, temos a sala de carpintaria, com acesso directo para os camiões que transportam o material, que encostam directamente ao palco, ou o elevador, que permite que os cenários produzidos subam para a sala de espectáculos.

Contexto


Curiosidades - O Teatro Azul

Ver Aqui

O que já sabíamos

Links:

Companhia de Teatro de Almada

Conhecer Almada

Localização - Almada


quarta-feira, 7 de maio de 2008

Planificação e outras actividades




No que toca a planificação das actividades, esta é cuidada e incide em variados pontos, o que sugere ainda mais a constatação que já tínhamos feito de que há uma grande preocupação na variedade de propostas. Em jeito de avaliação, uma fase muito importante para perceber o que está bem e o que precisa ser alterado, cada sector é convidado a dar a sua opinião sobre tudo o que envolve a biblioteca.
Através de um tema escolhido anualmente, segue-se um fio condutor que irá ditar as actividades de cada ano. Esta escolha permite que todos os colaboradores orientem os seus esforços nesse sentido, sendo que todo o orçamento direccionado para a biblioteca é muito bem distribuído entre actividades, actualização documental (aquisição de livros científicos, best sellers, sugestões dos leitores e uma selecção da chefia e técnicas de biblioteca), actividades esporádicas conforme os acontecimentos actuais, exposições e actividades exteriores ao espaço da biblioteca, algumas elaboradas pelos seus colaboradores, outras contratadas especificamente para uma acção pontual.
Entre todas estas dinâmicas, salientam-se outras onde a biblioteca sai do seu espaço para o exterior, como o Bibliodomus, em que a biblioteca vai levar livros a casa de quem não se pode dirigir ao espaço, Estação do Livro, actividade realizada nas escolas ou Circulo de Culturas, uma comunidade de leitores que se reúne para discutir uma obra.
Para todas elas é necessário uma grande gestão de base, como forma de orientar orçamentos que proporcionem a finalização de todas as actividades programadas.
“A biblioteca está em constante mutação para servir o utilizador”, assegura Cláudia Brites.

Financiamento do espaço e suas limitações



Com o financiamento da biblioteca a cabo do Ministério da Cultura e da autarquia do Seixal, coube aos responsáveis as opções no espaço ao nível do material e da estrutura seleccionados. Existiu, por exemplo, a possibilidade de adquirir materiais, como cadeiras e mesas, de permanência, confortáveis, provavelmente mais dispendiosas, mas que permanecem desde a inauguração do espaço.

As lacunas mais visíveis quanto ao equipamento prendem-se com a acessibilidade. Não existe grandemente uma política para pessoas com mobilidade reduzida, confessa a orientadora da visita. Há a possibilidade de utilizarem o elevador de serviço, mas esta é apenas uma solução alternativa utilizada para colmatar a falha existente. Quanto ao plano de emergência “deixa muito a desejar”. Há um objectivo para de futuro alterar as lacunas, mas estas prendem-se com o facto de não haver ainda uma obrigatoriedade quanto à sua legislação.
Num espaço por onde passam muitas pessoas por dia, é necessário considerar todos estes pormenores. Por um lado, pensar no material percebendo o seu uso constante, a necessidade de trazer conforto aos utilizadores, a preocupação de, tal como acontece ao nível do conteúdo, também no que toca ao espaço em si, as pessoas não se sintam deslocadas ou esquecidas.

Espaços para adultos




Para os utilizadores adultos, as propostas também são variadas. Existe um sector audiovisual, um espaço de leitura com Internet wireless, um local onde são postos à disposição diversos periódicos e uma sala para trabalhos de grupo, onde se pode fazer mais algum barulho do que o esperado habitualmente numa biblioteca.

Tal como já acontecia nos espaços dedicados às crianças, o objectivo da biblioteca é proporcionar uma variedade de utilizações que ultrapassam o empréstimo de livros. É uma constante actividade e a tentativa de chegar mais próximo a uma grande diversidade de utilizadores. Reflectindo estas preocupações, é possível constatar que a biblioteca do Seixal está no caminho do que se espera ser um espaço abrangente e com soluções diversificadas, propósito que deveria ser perseguido por todos os espaços com estas características.

A Biblioteca não é só feita de silêncios...

Papel de Educadores - Espaços para Crianças





Ainda retomando as responsabilidades de serem um actor fundamental na educação de muitas crianças desde tenra idade, é na percepção dessa necessidade que existe um espaço para os mais pequenos, que engloba a Bébéteca e a Ludoteca. Aqui, apesar de muitos dos seus utilizadores ainda não saberem ler, há um incentivo à leitura desde tenra idade: “Não é só com livros que se incentiva ao livro”. Entre ateliers, jogos e um sítio para se vestirem com máscaras, há também um espaço de leitura, parte integrante da biblioteca, mas dedicada à população júnior. Aqui, além dos livros, é possível utilizar a playstation, um dos momentos mais esperados pelas crianças.

Apesar de poder gerar alguma polémica, pelo facto das crianças se dirigirem à biblioteca sem o intuito imediato da leitura, Catarina … refere que “a biblioteca tem de estar na vanguarda das novidades. Como só podem estar uma hora a jogar e há uma marcação, acabam por aproveitar o resto do que a biblioteca tem para oferecer”.

Para estas idades, existe ainda um espaço para o estudo, outro de teatro onde se apresentam alguns contos em forma de peça e o museu do conto, onde se materializa um pouco o que são as histórias. Todos estes espaços demarcados na biblioteca têm um objectivo: “a ideia é descomplicar. À medida que uma pessoa vai crescendo percebe que a biblioteca lhes proporciona diferentes áreas”.

Outros serviços



Conhecedores do seu papel educador por excelência, os colaboradores da biblioteca do Seixal organizam diversas actividades e têm à disposição dos utilizadores vários serviços que extrapolam em muito o edifício da biblioteca e os livros que encerra.

A informação à comunidade, onde as pessoas se podem dirigir para obter respostas e fazer uma pesquisa sobre aquilo que procuram, pedidos de empréstimos e serviços de novas tecnologias de informação são alguns deles, pensados para permitir uma enorme variedade de finalidades e o interesse dos visitantes. Se estes serviços são já existentes em muitas bibliotecas pelo nosso país, também é verdade que muitas delas, algumas contemplando ainda um maior número de utilizadores, restringem as suas funções apenas à consulta de obras.

Espaço da Biblioteca





Na segunda parte da nossa visita foi possível conhecermos de perto as actividades da biblioteca municipal do Seixal, no mesmo espaço do fórum cultural. Pensado de base para abarcar uma biblioteca, o edifício abre-se numa diversidade de possibilidades, envolvendo as pessoas que para aqui se dirigem para os mais variados fins. A arquitectura, a calçada portuguesa no chão, as janelas que se abrem até vermos o rio, “abraçam” os visitantes para que estes “não tenham medo da biblioteca!”, diz Cláudia Brites.

No átrio, o espaço amplo é ideal para exposições, que acontecem muitas vezes. Algumas são direccionadas para temas de literatura, obras ou assuntos relacionados com a biblioteca, outras são resultado de parcerias com outras entidades que ali expõem os seus trabalhos. Deste modo, o contacto da biblioteca com a comunidade que abrange não é estanque, fornecendo também aos seus funcionários as tarefas necessárias para que esse contacto se estabeleça.

Autarquia - Responsabilidade na Cultura



Além disso, os colaboradores da DAC têm consciente a questão de, ligados a uma autarquia específica, terem responsabilidades acrescidas no que toca a divulgação da cultura de uma determinada região. “A vocação da câmara é formar, educar públicos, criar hábitos culturais”, reconhece Nuno Torrado. Entre as actividades para criar públicos, encontram-se mostras de teatro nas escolas, sessões de jazz, actividades para seniores e de acção social, muitas vezes em associação ao departamento de educação e de acção social, já que, entre serviços da mesma autarquia, existe um contacto e colaboração permanente.
Estes encargos podem, por um lado, fornecer uma grande abrangência naquilo que se torna possível fazer, mas também limitam algumas vontades e experiências que os colaboradores poderiam estar dispostos a fazer caso não estivessem comprometidos com estas circunstâncias. No final, as limitações parecem ter resultados positivos: “Primamos por oferecer cultura de qualidade”, confirma o nosso orientador.
Apesar das restrições que foram referidas, é notório para a nossa análise que trabalhar numa autarquia permite uma grande quantidade de experiências e possibilidades de produção de actividades e materiais, possibilidades que se tornam mais reduzidas em entidades de menor dimensão e peso na vida social.

Equipa


Tendo que dar resposta em todas estas frentes de acção, torna-se necessário que a equipa da DAC seja constituída por um número alargado de pessoas. É o que acontece, com mais de trinta pessoas no activo que trabalham exclusivamente na divisão cultural, embora o sector da divulgação propriamente dito seja constituído por apenas duas pessoas.



Muitas vezes, como acontece em outros casos já analisados, acabam por diluir-se funções e todos fazem um pouco de tudo, quando o trabalho e a urgência assim o exigem. Entre as diferentes pessoas existem três animadores sócio-culturais, uma pessoa com formação em Belas Artes, responsável pelas exposições, no auditório, alguém que já trabalhou em teatros, um músico no que toca a animação exterior e um actor, responsável pelo teatro.

Apoios da DAC

Além dos materiais gráficos, a Divisão de Acção Cultural tem ao seu encargo diversas iniciativas de continuidade, como o Março Jovem, o Seixal Jazz, a Bienal das Medalhas ou as Festas de São Pedro. Estas implicam uma envolvência ainda maior devido à sua projecção e à necessidade de orientar todos os esforços em actividades que envolvem outros sectores e outras entidades.
É também neste âmbito que a DAC orienta normas de apoio ao movimento associativo do Seixal, através da ajuda às actividades propostas pelas colectividades, fornecimento de espaços e equipamentos, apoio em alguns projectos pontuais, agendamento de espectáculos e apresentações, etc. Englobando todas estas funções, é da responsabilidade da DAC grande parte do que acontece no Seixal ao nível dos tempos livres, actividades fora do âmbito escolar e de trabalho dos seus habitantes.

Tendo essa responsabilidade, cabe a este sector ter especial atenção para que todas as propostas sejam estudadas, todos os projectos tenham visibilidade, todas as organizações possam ser ouvidas, dentro de um espírito de “bom-senso”, como refere Nuno Torrado. Ao nível de um promotor que trabalhasse nesta área, esperar-se-ia uma grande capacidade de organização, além de um conhecimento alargado das actividades e colectividades que fazem parte da vivência do Seixal.

Comunicação


Os meios de divulgação utilizados para promover e comunicar as diferentes actividades organizadas pela DAC são essencialmente da própria responsabilidade desta divisão, que elabora o seu conteúdo. É o caso do Boletim Municipal (distribuído nas caixas do correio, no barco e em locais públicos), a Agenda Municipal e a Agenda Cultural, inserida na anterior, mas a cores e com maiores custos de produção.
Além disso, produzem também uma centena de mupis para uma rede detida pela autarquia, o programa do Auditório Municipal, folhetos e cartazes para a divulgação dos eventos, dependendo do evento de que se trata, muitas vezes sites próprios, e, pontualmente, acções na imprensa. Devido a todas estas necessidades, a equipa de multimédia e do sector gráfico estão sempre presentes nas reuniões de preparação das actividades. Em conjunto com quem organiza elaboram ideias, revêem conceitos, pensam na melhor forma de promover as diferentes acções. Estar por dentro dos assuntos, vê-los crescer e saber a forma como foram pensados, permite ao promotor estar mais à-vontade no seu papel e perceber melhor de que forma pode passar para os materiais tudo aquilo que conseguiu recolher. No final de tudo escolhido e produzido, mais uma função se espera da DAC: a distribuição e decisão das quantidades a serem produzidas e distribuídas.