quarta-feira, 4 de junho de 2008

O edifício - escolha


Entre as diferentes hipóteses estudadas, o Museu do Oriente ficou finalmente destinado a nascer num antigo frigorífico de bacalhau. Para trás ficou a vontade de criar um espaço de raiz, mais central, naquela que seria a “Praça das Fundações”, juntando a do Oriente à Gulbenkian, ou a fixação na zona mais a oriente de Lisboa, o Parque das Nações. A opção recaiu sobre o edifício em Alcântara, hoje visto como se fosse um barco a atracar no cais após uma viagem ao Oriente, chamando assim a atenção para o valor patrimonial que se coaduna com a identidade do povo português. Nestas opções, para além de todos os outros factores monetários e arquitectónicos, importa realçar que, muitas vezes, a importância de se fazer referência a valores que são universais acaba por constituir uma mais valia para o propósito que se pretende.
A escolha do local limitou o projecto arquitectónico, já que o edifício apresentava um pé direito muito baixo e as salas estavam preenchidas por grandes vigas, pilares muito largos que cortavam a própria amplitude dos espaços. A preocupação prendia-se, assim, com a adaptação que foi necessário ser feita, imaginando vitrinas que “engolem” os pilares de forma a que passem despercebidos aquando a visita. Neste caso, a questão prendia-se com as características físicas do próprio espaço, mas podemos extrapolar um pouco estas considerações para aqui que poderá ser também o trabalho de promoção de um contexto profissional. A necessidade de adaptação ao que, muitas vezes, já existe, faz também nascer novas ideias e a preocupação em recuperar esses aspectos de uma forma nova, moderna e adaptada àquilo que se pretende. A própria identidade do povo português é fruto de uma miscenização entre diferentes tradições, culturas e povos que pode ser utilizada para promover os conteúdos da exposição, trazendo todos os que, de alguma forma, se identificam com ela.

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