terça-feira, 8 de abril de 2008

O espaço e as suas limitações






Quanto ao espaço, os condicionamentos da cripta levaram a opções limitadas, que influenciaram a escolha e a própria organização da visita. Os corredores estreitos, por exemplo, e a irregularidade do solo, fizeram nascer a necessidade de se proceder à inserção de umas escadas em ferro que todos os visitantes têm de percorrer para poder ter acesso à visita. Apesar das casas de banho, logo à entrada do espaço, terem bem visível a sinalização de instalações adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, a verdade é que se tornaria muito complicado, se não impossível, que pessoas com cadeiras de rodas, ou mesmo apenas com alguma dificuldade para se moverem, fazerem a visita sem problemas. Este facto é do conhecimento dos técnicos que planearam o espaço. Apesar disso, tiveram de trabalhar com as limitações do espaço que existia, e acabaram por optar não pensar muito nas pessoas com esse tipo de necessidades. Mesmo a escuridão, os espaços exíguos, as legendas reduzidas, dão claramente a entender que este é um espaço pensado para visitantes adultos, sem grandes problemas físicos de qualquer ordem, que demonstrem já algum interesse pelo tema e dêem particular ênfase ao facto de estarem a entrar literalmente num espaço onde outros povos já passaram e onde as peças arqueológicas ainda se podem ver a “saltar” das paredes.
Na necessidade de revitalizar um espaço já existente, e que não foi pensado de raiz para receber uma exposição, foi também crucial retirar dele a melhor forma de expor as peças, não entrando demasiado em colisão com a pousada (ainda hoje é polémico ter transformado o convento, em ruínas, num espaço hoteleiro). Para isso, serviu também a ajuda do arquitecto Diogo Pimentel com uma intervenção de Brás Mimoso e Lacerda, do IPPAR.
Sendo um espaço interior com características únicas, de um ambiente em cripta, outros aspectos tiveram de ser considerados, desde o número máximo de pessoas por visita (20), à obrigatoriedade de todos os espaços como este de regras previamente estabelecidas de segurança.
Façamos nós as considerações que quisermos sobre a forma como o espaço foi pensado, é importante termos em conta as imensas restrições que implicava, para além do interesse significativo em que a exposição se fizesse aqui e não num museu com o espaço que conhecemos habitualmente de paredes lisas e salas largas. Estes constrangimentos levam, com certeza, às dificuldades que já referimos de visita, mas trazem consigo também a mais-valia de se poder entrar no local exacto em que as escavações foram feitas, de se poder ver as peças ainda no local de origem, de podermos “sonhar” que somos um arqueólogo por um dia. Este espaço não retira a necessidade de existência de outros museus onde se possa percorrer o espaço mais à vontade, mas estes também não o fazem de volta. A exposição inserida assim dá um gosto diferente às peças, transforma-as em imagens de episódios históricos vividos na realidade. É possível ver as estruturas, as fundações do Convento, acrescentadas com novas estruturas que fazem uma nova reutilização do espaço.

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